Viver por processo é algo natural, nós brasileiros aprendemos isso da mesma maneira que aprendemos a andar e a falar. Esta incutido, simplesmente vivemos por viver, sem pensar e sem planejar absolutamente nada, é a cultura do "Deixa a vida me levar, vida leva eu". Nossa vida é movida a processos, simplesmente se observa o que alguém fez ou falou que deveria ser feito e repetimos sem peso na consciência. Se o vizinho comprou um carro novo, acreditamos que também precisamos de um carro novo e incorporamos as parcelas no orçamento que já esta mais que comprometido, pois o processo não para, ele acelera, tenho que trabalhar, tenho que ganhar dinheiro para pagar o carro, a casa, o cartão e etc.
A engrenagem ganha velocidade, a pressão aumenta, a frustração vai as nuvens e com isso a depressão e toda sorte de doenças e mazelas de um processo louco, desenfreado, sem regras, sem pausa, sem descaço sem realizações... Mas você pode estar se perguntando, adquirir um carro, uma casa não são realizações? Dependendo do preço a ser pago (não preço monetário, digo preço de vida), essas realizações são temporárias, insignificantes, fonte de desordens emocionais e físicas, são meras lembranças em preto e branco de uma época difícil e sem graça.
Quando o paradigma é quebrado e passamos a enxergar que nossa vida pode deixar de ser um simples existir e sim algo concreto com início, meio e fim começamos a refletir nas coisas que realmente são importantes e como alcança-las. Viver como projeto significa sempre avaliar os objetivos, as premissas e as restrições que a vida nos apresenta. É ser capaz de planejar os custos e caminhos de um sonho. É enxergar o trabalho como algo significante e relevante para a existência, e não simplesmente como uma pilha de papéis que não importa o quanto eu trabalho eles sempre estarão se multiplicando e existindo.
Poder avaliar onde queremos chegar e quais os verdadeiros motivos para isso, considerando e respeitando a prioridade e necessidades humanas torna nossa existência mais prazerosa, alegre, colorida e divertida. Pense nisso e comece a dominar os processos automáticos existentes em sua vida transformando-os em projetos significantes.
Fábio Rogério Milani
